domingo, 23 de fevereiro de 2025

Tiro Livre - Erro e Nostalgia


"Erro e nostalgia", 2025.
Tiro livre criado durante as reflexões e devaneios das reuniões, aqueles pequenos detalhes que nos pegam, que nos indagam... como agiriam na mesma situação do outro? Sob ou sobre as pontes?


Fiz uma versão em cor, inspirado no Anjo do Paul Klee, que virou um postal.



 

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Circulando: "ESTUDO SOBRE O PESSIMISMO", pela Páginas Amarelas.

 A minha HQ ESTUDO SOBRE O PESSIMISMO foi resenhada pela Dani, do perfil Páginas Amarelas (@paginasamarelashqs), fevereiro de 2025.

Essa HQ saiu pela primeira vez em 2015, em um zine limitado a 30 exemplares. 

Em 2023 uma nova edição foi publicada, pelo sele Risco Impresso.



A resenha conta com uma bela leitura da Daniela, que se debruça no lado psicológico da HQ, em como o perfil de pressão para "ser algo" é um sintoma dos males contemporâneos. 

Assista aqui: PÁGINAS AMARELAS - ESTUDO SOBRE O PESSIMISMO.

Circulando: "TEMPO", leitura de Lendo o peixe morto.

 O perfil @peixemorto2025 divulgou uma bela leitura sobre a minha HQ TEMPO.

Essa edição da HQ é de 2023. Foi a primeira vez que ela saiu como HQ solo, tendo aparecido anteriormente na coletânea MATÉRIA ESCURA, de 2017.


Segue o texto na íntegra: 

"Tempo é um quadrinho independente de autoria de Guilherme e Silveira lançado pela editora "Risco Impresso".

Quadrinho expressivo mesmo em suas poucas páginas. "Tempo" tem como proposta a conexão entre uma epígrafe de Clarice Lispector e a interpretação imagética/ poética do autor.

Delicado e vivo, senti a onda psíquica desse quadrinho quase como uma música do pós- punk.

A história gráfica me cativou bastante e, como eu não li o livro de onde a epígrafe foi retirada, me senti muito apreensivo e preocupado com a dramaticidade intensa do meu primeiro contato com o texto. Me soou destruidor, implacável e sem condições de ser evitado.

Os desenhos vão se envolvendo com o texto de uma maneira trágica em que o ser vai se quebrando. As guerras, a sociedade, todo o ultimato, toda a injustiça, toda a vida vai perecendo até que a morte eminente ganha todo um campo aberto de corpos espalhados e vidas escorridas pra dentro de um abismo.

A poética disso vai muito além de só comentar uma evolução maligna da realidade. Eu senti a solidão, o desamor, o incompreensível estado de perca em que encapsulamos nossas vidas e deixamos elas correrem sem rumo para que um dia percebamos que há um final próximo, há sempre um final próximo e isso soa tão impiedosamente não é?

Enfim, é uma boa hq. Li ela umas três vezes em sequência e ela realmente tem um sabor amargo.

Dei 5 estrelas."

Peixe morto 2025.

Tiro Livre - Quase que me escapo

 

"Quase que me escapo", 2025.
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Tiro livre que fiz durante a oficina de Lambe, com o Rafa Tolújì. Ele lançou um "desenhem nesse espaço, vocês". Nada fácil de encontrar assim, por aí.


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

St. Vincent e desenhos em coletivo




Encontros em coletivo que impulsionam o exercício criativo são sempre ótimos!
Andressa Oliveira, eu, Julia Mori e Ingrid Midori (na ordem dos desenhos acima), nos reunimos para ouvir e desenhar a St. Vincent em "Broken Man". 
A pose incomum da cantora parece ter evidenciado a mão de cada um, na impossibilidade de soluções já ajustadas na nossa prática. 


 

sábado, 15 de fevereiro de 2025

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Começo, meio e começo

            "Começo, meio e começo" é o provável nome do meu próximo trabalho. Um ensaio colagem que coloca em contato o quadrinhista Moebius e a artista Lygia Clark.



A princípio estruturado como colagem de diferentes textos, fragmentos de escritos de Lygia Clark e de quadrinhos de Moebius, a produção de Começo, meio e começo não se utilizou do objeto direto. Começando pela imagem, onde se evidencia esse fato, eu não recortei, manual ou digitalmente as HQs do autor francês. Ao contrário, desenhei (ou redesenhei) todas as imagens que eu queria usar. Primeiramente por um motivo simples: prazer.

É extremamente prazeroso desenhar as hachuras curtas de Moebius. Como suas formas se encaixam uma na outra, como as formas são fluidas, mas nunca expansivas demais. Via de regra, bastante seguras e contidas. Na prática dessa linha, fiquei pensando nas recorrentes descrições da pintura de Cezanne, artista que “colocava” cada pincelada em seu lugar, com uma calma e exatidão que montava seu quebra-cabeça pré-cubista de maneira hipnotizante. Assim é que eu me sentia, colocando a linha no papel, quase mais do que riscando o papel – que é como tende a ser meu desenho.

Ao mesmo tempo, o exercício também foi exaustivo. Sem querer copiar rigorosamente, eu não medi, pouco usei lápis para esboçar – na metade do caminho consegui reunir a coragem de eliminar completamente o lápis e a borracha do processo, trabalhando diretamente com a pena – e não voltei atrás quando era perceptível diferenças de posições ou proporções. Mas, sem querer copiar nesse sentido, eu buscava emular essa forma de fazer, a gestualidade, o tempo que o resultado final podia entregar sobre o processo de Moebius, procurei trazer para a minha mão, a grafia apresentada pelo desenho original. Essa mudança gritante na forma de fazer tornou a ação rica, mas cansativa, pensada a cada passo, muito intuitiva, mas pouco natural para o meu corpo. Por vezes me censurei ao perceber que estava alongando as linhas e já não via ali a marca da linha moebiana que eu queria absorver.

O prazer que eu procurava ao escolher desenhar e não apenas colar as imagens escolhidas, reforçam a segunda busca: entender os caminhos que esse fazer me abririam. Cada vez mais compreendo que o planejamento holístico prévio não me interessa. O processo se torna cada vez mais claro e mais interessante para mim, quando vai se desvendando na minha frente, testando cada justaposição, mais do que entender e definir previamente o ponto de partida e o de chegada – ao menos não de maneira exata ou rigorosa.

Quando penso na formatividade de Pareyson, que afirma o fazer como parte essencial da marca do artista na obra, compreendo também a riqueza de redesenhar, criar esse novo Moebius feito do meu corpo, da minha anatomia e minha coordenação. Onde esse Moebius-eu chegaria?

Isso tem ligação com o ato de fazer, incluindo também as escolhas. Desde o início eu estava em um diálogo Moebius/Clark, isso partiu de uma brincadeira à toa que me prendeu: o quadrinhista tem o nome da fita da obra da artista. A fita também é geradora do conceito da obra. Como o quadrinhista poderia carregar o conceito da obra? Talvez com a obra do quadrinhista sendo colocada em diálogo com a conceituação da artista? Sem saber onde isso me levaria, comecei a ensaiar.